Dois nomes e duas situações distintas
Sobre a saída de Cristiano Araújo (PTB) da base do governo de Agnelo Queiroz (PT), é preciso fazer uma análise do que ocorreu nos bastidores do legislativo nas últimas semanas.
Cristiano, filho de empresário rico da cidade, acostumado a achar que tudo pode porque tem dinheiro, na política acabou encontrando obstáculos até então desconhecidos pelo jovem parlamentar.
Nas últimas semanas, Cristiano e seu PTB ensaiaram uma pré-candidatura do próprio Cristiano para a presidência da Câmara Legislativa do DF. Ele reuniu parlamentares em sua residência, fez uma lista com treze deputados e só não obteve êxito porque queria ser o cabeça, fato que desagradou alguns colegas que queriam alguém com mais prestígio e experiência no cargo.
Inclusive parlamentares que foram eleitos para a mesa, chegaram a assinar a lista dos 13, o que significa que o governo não conta com tanta fidelidade assim na CLDF como apregoa aos quatro ventos.
No momento crucial das negociações, o secretário de Justiça e Cidadania Alírio Neto entrou em campo e colocou panos quentes na questão, após conversar longamente com o governador Agnelo Queiroz, que sabe muito bem que se brigasse com o PEN, PHS e PMDB, acabaria por implodir sua base no legislativo local. Agnelo optou pelo bom senso e conseguiu acalmar o grupo que tem Alírio Neto como principal interlocutor.
Por outro lado, Agnelo sabe que se Alírio deixasse o governo e voltasse para a Câmara, tal fato acabaria criando uma oposição realmente forte contra seu governo, principalmente se Alírio se aliasse ao bloco oposicionista.
Alírio teve um papel muito importante no processo que elegeu Wasny de Roure para presidir a CLDF. Portanto, não há razões para que o governo tente alguma represália contra o atuante parlamentar e secretário.
Já a situação de Cristiano é bem diferente. Ele queria ser presidente e contrariou os interesses do Buriti. Sem falar que o presidente do seu partido, o senador Gim Argello, já está em campanha quase explícita para o GDF em 2014.
Cristiano sai. Alírio fica. E o governo vai caminhando sabendo com quem de fato pode contar daqui por diante. É tempo de saber quem é quem.
E fica a grande pergunta: Será que o governador Agnelo Queiroz fará com Rôney Nemer (PMDB) o mesmo que fez com Cristiano Araújo?