Deu em O Globo
CNBB tira de site texto de bispo contra Dilma
Dom Bergonzini repetiu que petista defende descriminalização do aborto. Ela diz se tratar de questão de saúde pública
Leila Suwwan
Após a repercussão negativa, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) decidiu tirar de seu site o artigo de dom Luiz Gonzaga Bergonzini, bispo de Guarulhos, que prega um boicote eleitoral à candidata Dilma Rousseff (PT).
O autor, porém, reiterou sua posição em entrevista ao GLOBO ontem e classificou a petista como uma “abortista”, que tenta “mascarar” seus pensamentos sobre a descriminalização do aborto no país para evitar prejuízos nas urnas.
Questionada sobre a posição do bispo, a presidenciável Dilma Rousseff defendeu que a interrupção da gestação seja tratada como questão de “saúde pública”, sem interferência religiosa. Ela reiterou que o aborto clandestino é causa de morte materna e ressaltou o problema da desigualdade, que leva mulheres pobres a práticas insalubres, enquanto mulheres ricas têm acesso a clínicas.
— Defendemos que se trate essa questão não como uma questão religiosa, mas como uma questão de saúde pública e de obediência legal — disse Dilma, em entrevista à rádio Marano, de Garanhuns (PE).
— O aborto é uma violência contra o corpo da mulher. Nós reconhecemos uma outra coisa: é uma questão de saúde pública.
O programa de governo do PT — não endossado por Dilma ou sua coligação — defende a aprovação de uma lei de descriminalização.
Hoje, o aborto ilegal pode ser punido com até três anos de detenção, exceto em casos de risco de morte da gestante ou de gravidez decorrente de estupro. Especialistas estimam que cerca de um milhão de gestações é interrompido de forma clandestina por ano no Brasil.
A CNBB explicou que retirou o artigo porque ele cita nominalmente um candidato e um partido, o que fere a posição de neutralidade da entidade.
“Recomendamos a todos verdadeiros cristãos e verdadeiros católicos que não deem seu voto à senhora Dilma Rousseff e demais candidatos que aprovam tais ‘liberações’, independentemente do partido a que pertençam”, diz o texto, revelado ontem pelo GLOBO.
— Não tenho nada contra ela pessoalmente, mas sou contra o pensamento dela. Ela é abortista. Como cristão e como católico, tenho que dizer que não devemos votar em pessoas assim. Tenho direito de me manifestar como cidadão. Como bispo, tenho obrigação de orientar a população — disse dom Luiz Gonzaga.
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