Hoje aconteceu novo embate no plenário da Câmara Legislativa do DF, entre a deputada Celina Leão (PDT) e o deputado Chico Vigilante (PT). Ela criticou a carta que ele postou no site dele cobrando ” fidelidade partidária” do senador Cristovam Buarque (PDT).
Em duríssimo discurso, a deputada Celina Leão saiu em defesa do senador Cristovam Buarque. Os deputados distritais Chico Vigilante (PT) e Arlete Sampaio (PT) também criticaram a defesa que Celina fez e se posicionaram contrários ao senador.
Celina não deixou barato e soltou literalmente o verbo. Veja o discurso que incomodou petistas:
Hoje, o que me traz à Tribuna desta Casa, é a carta que o deputado Chico Vigilante escreveu para o Senador Cristovam Buarque, um dos mais respeitados políticos brasileiros, tanto nacional, quanto internacionalmente.
Se Vossa Excelência fosse capaz de entender a importância de ter tido, um dia, Cristovam Buarque na sua agremiação partidária, certamente ao final de 72 horas teria desistido de elaborar tão insensata e inoportuna carta. Esta demora demonstra que até mesmo os incautos sentem-se constrangidos em atacar uma personalidade tão ilustre.
A subserviência do deputado, que sempre atuou na defesa do partido, que o povo, pelo voto, acaba de execrar da política brasiliense, quis se fazer notar pela candidata a presidente, e numa última tentativa de se manter no poder resolveu fazer a demagógica carta ao Senador, cobrando o apoio dele à candidatura de Dilma. E durante 72 horas ele ficou na dúvida entre o respeito à verdade e a demagogia barata que sempre permeou as opiniões de alguns políticos. E esta prevaleceu, como sempre.
As perseguições, os fakes, as mentiras, as guerrilhas virtuais tão usadas pelo partido do deputado não intimidam os políticos que realmente lutam por um Brasil democrático, livre, com uma melhor qualidade de vida. Nada amedronta o Senador Cristovam Buarque, que como político coerente e ético que sempre foi, teve a coragem de buscar alternativas para bem governar, mas com o passar do tempo, quando sentiu que o partido tinha se desviado dos ideais de mudança, de ética e de justiça social, teve a hombridade de sair do PT, não ficou se favorecendo com as benesses do poder.
Fiquei estarrecida ao ler a história do convite que foi feito para o brizolista autêntico, como ele mesmo afirmou, à época. Em cada palavra a gente sente como o PT quer usar as pessoas, e quer mantê-las escravizadas, sem liberdade de buscar novos caminhos, e ainda percebemos como a cúpula do partido, o PT Nacional, interfere na escolha dos seus representantes, em detrimento dos próprios companheiros do partido.
O fisiologismo está tão presente na política brasileira, que o deputado acha que os eleitos têm uma obrigação de fidelidade eterna com ele e com seu partido, não com o povo, o país e a cidade. Ele faz parte da visão de que a eleição é um prêmio e não uma tarefa para a qual o eleito foi escolhido.
Cristovam foi convidado pelo PT por possuir as qualidades necessárias para governar o DF, por isso, sua eleição foi um reconhecimento, e mesmo com todas as dificuldades que enfrentou ele manteve seus compromissos. Isto é o que um político deve assegurar, compromisso com o seu eleitor e não gratidão. A ética não se compra e nem tão pouco a honradez, mas são atributos inerentes ao berço e à educação.
Já vi Cristovam escrever que discordava do seu mestre Darcy Ribeiro, porque este disse um dia que o” Senado é o Céu”, e Cristovam diz que o” Senado é um Campo de Batalha onde ele luta por suas bandeiras”. O Poder nunca sobrepujou o sonho de mudanças sociais de Cristovam Buarque.
Na relação Cristovam e PT, o PT muito mais ganhou do que deu.
Parece que o deputado não entende muito de números, foi o homem Cristovam que deu um governo ao PT e infelizmente elegeu Agnelo Queiroz. Basta comparar os votos em 2010 e os de agora.
Em 2010, com o apoio de Cristovam a coligação do PT elegeu Agnelo. Agora, Agnelo teve uma votação pífia e o Magela ainda pior. Este é o retrato de uma administração que o deputado defende.
Se é para relembrar, quero relembrar o que o PT fez com Cristovam. Uma demissão injustificada, por telefone, quando Cristovam estava no exterior, a trabalho, como Ministro de Estado, num desrespeito total, não só ao homem Cristóvão com um currículo invejável, ilibado e de notória competência, mas também ao alto cargo que exercia.
Há anos Cristovam vem tentando passar ao governo do PT sua ideia de federalização da educação. Nunca recebeu nem ao menos uma resposta, escreveu à Dilma e nem notificação de recibo teve.
Aqui, o Agnelo depois de eleito simplesmente menosprezou Cristovam, desde o primeiro dia. Inclusive na pasta da Educação, o senador foi consultado, mas sua opinião não foi levada em consideração. Não me recordo de ter visto qualquer nota do PT em apoio à Cristovam para que fosse ouvido na escolha do gestor da pasta.
Será que é o medo da competência que faz o PT agir assim?
Se o deputado quer relembrar mais um pouco, mal agradecidos são o Agnelo e o PT. Todos em Brasília sabem que mesmo depois de já eleito, com muito mais votos do que Agnelo, Cristovam até pelo teor da bagagem de competência, mergulhou na campanha do 2º turno, e que depois de eleito o partido simplesmente esqueceu o seu apoiador.
Cristovam tem todo o direito de apontar novos rumos sem perder sua coerência, porque o apoio declarado a Aécio, significa uma resposta qualitativa ao povo brasileiro, que não agüenta mais o mesmo tipo de política, com políticos rasteiros, que elevam seus partidos mais alto do que seus ideais.
A postura de Cristovam é mesma de muitos simpatizantes do PT e de ex-petistas, que um dia sonharam que o Partido dos Trabalhadores fosse conseguir realizar grandes revoluções, mas simplesmente além de não conseguir alcançar esses feitos, criticam a todos que de forma democrática se opõem ao que eu considero um projeto de poder pelo poder e não um sonho de um país para todos.
A grandeza do PT deveria ser reconhecida ao respeitar o momento em que o senador opta por uma alternância de poder.
Encerro reafirmando que lealdade devemos ter aos princípios e atitudes, e não usá-la como instrumento de escravidão.
Fonte: Donny Silva