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    ChatGPT e o conclave: erro da IA na previsão do novo papa reacende debate sobre limites da tecnologia

    A eleição de um novo papa é sempre um momento carregado de simbolismo, tradição e complexidade política dentro da Igreja Católica. Em 2025, a escolha de Robert Prevost como sucessor de Francisco — adotando o nome Leão XIV — não apenas surpreendeu setores conservadores e progressistas, como também contrariou as apostas feitas por ferramentas baseadas em inteligência artificial, entre elas o ChatGPT.

     

    Antes do anúncio oficial feito no balcão da Basílica de São Pedro, o chatbot da OpenAI indicava o cardeal italiano Pietro Parolin como o provável eleito. A justificativa era sua posição de equilíbrio entre as alas divergentes da Igreja, além da sólida carreira diplomática e do perfil multilíngue. No entanto, o nome escolhido pelos cardeais foi Prevost, norte-americano de 69 anos, com trajetória missionária na América Latina e papel estratégico como prefeito do Dicastério para os Bispos.

     

    O episódio destaca um ponto central: embora a inteligência artificial seja capaz de processar grandes volumes de informação e projetar tendências com base em dados históricos e padrões comportamentais, ainda encontra limitações ao lidar com decisões humanas — especialmente em contextos como o Vaticano, onde aspectos teológicos, simbólicos e políticos se entrelaçam com alto grau de imprevisibilidade.

     

    A escolha de Prevost, que liderou missões no Peru e foi nomeado por Francisco para cargos-chave, representa uma continuidade com leve inclinação reformista — algo que o ChatGPT aparentemente subestimou em sua análise. Ao prever Parolin, a IA adotou critérios tecnocráticos, como perfil conciliador e experiência institucional, sem captar nuances mais subjetivas que pesam em processos como o conclave.

     

    Bruno Nunes, especialista em tech e CEO da Base39, explica que, embora a inteligência artificial genérica represente um avanço notável, seu uso exige senso crítico. “O futuro passa por IAs treinadas sob medida para cada segmento, capazes de aliar inovação e segurança. Reconhecer as limitações dos modelos amplos e fomentar o uso de soluções especializadas é essencial para que a inteligência artificial cumpra seu papel de transformar positivamente a sociedade”, afirma.

     

    Ao fim, a eleição do primeiro pontífice norte-americano da história também evidencia o desafio de aplicar ferramentas genéricas de inteligência artificial a fenômenos profundamente humanos. Se, por um lado, a tecnologia pode oferecer hipóteses com base em lógica e probabilidade, por outro, ainda está distante de compreender plenamente os fatores emocionais, espirituais e geopolíticos que influenciam decisões de alta complexidade.

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