Caso Edmundo Pinto Governador do Acre foi assassinado em SP, dois dias antes de depor em CPI que investigava a obra com recursos do FGTS, suspeita de malversação de recursos públicos –
Na madrugada de 18 de maio de 1992, o jovem governador do Acre, Edmundo Pinto (PDS), 38 anos, foi assassinado com dois tiros no hotel Della Volpe em São Paulo. Foram roubados quase Cr$ 600 mil cruzeiros (antiga moeda) do governador e US$ 1.500 de um hóspede norte-americano John Franklin Jones. Apesar de a polícia paulistana ter terminado o inquérito que foi considerado um simples latrocínio, os acreanos, partidários de Edmundo Pinto, consideram, até hoje, que sua morte foi um assassinato político porque ele contaria à CPI dados sobre corrupção.
Sua morte ocorreu menos de 48 horas antes de depor em CPI no Congresso Nacional que investigava a suposta malversação de recursos públicos do Canal Maternidade, com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS. A CPI também envolveu o ex-ministro Antonio Rogério Magri. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Luís Carlos Pietschmann, chefe da Casa Civil do governo do Acre, que integrava a comitiva acreana do governador em São Paulo, e o ajudante de ordens, capitão da PM, Marcos Winmann, foram sábado à noite a um cinema na Avenida Paulista e a meia-noite já estavam de volta ao hotel. O homicídio ocorreu entre 2h e 2h30, segundo o secretário de Segurança Pública, Pedro de Campos.
No dia do assassinato, três quartos do mesmo andar do hotel eram ocupados por funcionários da construtora Norberto Odebrecht, que havia vencido a licitação para realizar a obra do Canal. Após o assassinato, foi publicado também no jornal Folha de S. Paulo, que a presidente do Tribunal de Justiça do Acre, Miracele Borges, contou que Pinto vinha recebendo ameaças de morte no Acre. Edmundo Pinto era bacharel em Direito pela Universidade Federal do Acre (UfAC). Elegeu-se a vereador de Rio Branco pelo PDS em 1982. Foi deputado estadual pelo mesmo partido em 1986 e governador do Acre em 1990. Ganhou vários títulos e diplomas de honrarias por seu destaque na vida pública. Até hoje Edmundo é relembrado no Acre como o governador dos pobres. A cidade ganhou rua, estrada e nome de escola com o nome Edmundo Pinto. E todo ano, desde sua morte, há visitação ao cemitério em sua memória. “O maior conforto que sinto na minha vida depois da morte do meu filho é a população que se faz presente na dor e na saudade”, declarou Pedro Veras de Almeida, pai do governador assassinado ao jornal A Tribuna – edição de domingo, 17/5/2009, dezoito anos depois de sua morte.