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CANDIDATOS AO GDF TROCAM FARPAS APÓS DECLARAÇÃO POLÊMICA DE RORIZ

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Do Correio Braziliense

 Agnelo Queiroz reage ao ataque de Joaquim Roriz, que, no sábado, comparou o vermelho do PT à “cor do satanás” e ontem disse que apenas repete “as palavras do povo”. Petista afirmou que o discurso do adversário é “fascista” e entrou com ação na Justiça

 

O candidato a governador do Distrito Federal pela Coligação Esperança Renovada, Joaquim Roriz (PSC), explicou ontem que as acusações contra os petistas no comício realizado no último sábado, no Itapoã, são “repetições das palavras do povo”. Na ocasião, o ex-governador comparou o vermelho do seu principal adversário nas urnas, Agnelo Queiroz (PT), com a “cor do satanás”. Disse ainda que, no governo do PT, “pode-se matar, roubar e estuprar”. Em visita à feira de Sobradinho 1, na manhã de ontem, Roriz não negou que tenha soltado as farpas contra Agnelo e defendeu que não deve explicações sobre o episódio. Em resposta aos ataques, os advogados de Agnelo protocolaram, na tarde de ontem, uma ação contra Roriz no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). E prometeram levar as denúncias ao Ministério Público Eleitoral (1)(MPE), por entenderem que houve crime eleitoral.
 
“Esse tipo de discurso atrasado, reacionário, que chega a ser fascista, não pega mais. O povo está ruborizado com os escândalos que estão acontecendo na política local” Agnelo Queiroz, candidato do PT ao GDF

Roriz alega que apenas repercutiu “as palavras do povo” durante o comício no Itapoã. Questionado se concorda ou não com as declarações, ficou em silêncio. “Não fui eu que disse isso. Repeti as palavras do povo. Eu não tenho o que explicar, passo por cima disso. Se for falar tudo que sei, boto fogo na cidade”, disse. No início deste mês, o ex-governador incluiu nos discursos a história de uma mulher de 89 anos que estaria prestes a morrer. Após receber convite da eleitora, Roriz teria realizado uma simples visita — sempre evitou dizer, no entanto, o nome e o local onde ela mora. “A casa dela era enfeitada de azul. E quando eu estava lá, uma vizinha passou pela calçada com uma bandeira vermelha. A velhinha, que está morrendo, gritou: ‘Xô, Satanás’”, ressalta, justificando suas palavras no Itapoã.

O candidato soltou novos ataques e ameaças ontem. “Eu tenho responsabilidade com meus gestos e palavras. Se for contar tudo que sei, com provas concretas e os processos que correm em segredo de Justiça, ele (Agnelo) não poderia sair da cidade. Seria apedrejado”, alfinetou. Desde o início da campanha, Roriz defende o alto nível dos debates e diz que “dançará conforme a música”. Mas começou a atacar a Coligação Novo Caminho, encabeçada pelo petista, após a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), no último dia 4, que barrou seu registro de candidatura, e as denúncias de uma suposta propina paga pelo ex-governador a um “laranja”.

Agnelo Queiroz endureceu o discurso ontem contra a resposta dada pelo advogado de Roriz, Eládio Carneiro, na edição de ontem do Correio, para justificar as acusações feitas pelo ex-governador ao PT no último sábado. Eládio disse que as farpas de Roriz são “uma retórica normal de palanque que reporta a situações históricas da origem de Agnelo, que era um comunista”. “Esse tipo de retórica é normal para eles, que não têm escrúpulos, são desonestos e irresponsáveis. Só pode ser advogado de Roriz para não saber distinguir o que é

 
“Não fui eu que disse isso. Repeti as palavras do povo. Eu não tenho o que explicar, passo por cima disso. Se eu for falar tudo que sei, boto fogo na cidade” Joaquim Roriz, candidato do PSC ao GDF

crime. As acusações são atos de desespero de um derrotado, um impugnado”, criticou Agnelo.

Estratégia
O petista lembrou que a estratégia rorizista de atacar os adversários em público é conhecida há mais de 20 anos no DF, mas, em sua opinião, está ultrapassada. “Esse tipo de discurso atrasado, reacionário, que chega a ser fascista, não pega mais. O povo está ruborizado com os escândalos que estão acontecendo na política local”, disse Agnelo. O candidato garantiu que não aceitará nenhum tipo de provocação do principal adversário nas urnas e combaterá com “veemência” a incitação à violência na campanha.

O candidato à reeleição ao Senado Cristovam Buarque (PDT) condenou a atitude do ex-governador do qual também já foi vítima. Durante um discurso no Itapoã, em agosto de 2003, Roriz chamou Cristovam de “assassino” para uma plateia de cerca de 2 mil pessoas. A acusação rendeu ao senador uma indenização de R$ 60 mil. “O que ele (Roriz) faz é uma dupla imoralidade. A primeira é por usar uma mentira deslavada para chamar quem usa vermelho de assassino ou estuprador. A segunda é a manipulação da religião para fins políticos”, analisou o senador, dizendo que Roriz ofendeu todos os petistas, inclusive, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

A interpelação judicial contra Roriz foi protocolada no TJDFT . A construção do documento de seis páginas foi sustentada em duas matérias veiculadas pelo Correio, nos dias 15 e 17 últimos, que trataram do caso. A ação pede que o candidato do PSC esclareça as “declarações de cunho puramente difamatório e inverídico”. O advogado de Agnelo, Luis Alcoforado, adiantou ontem que a briga vai ser alçada ao âmbito da Justiça Eleitoral. “Vamos fazer amanhã (hoje) uma representação no Ministério Público Eleitoral para que investigue se houve crime de calúnia e difamação. Falar em comício que o adversário mata ou estupra é gravíssimo e não é condizente com o direito eleitoral”, argumentou.

1 – Outro alvo
Os petistas não foram o único alvo de Roriz. No último dia 7, o ex-governador defendeu que o procurador regional eleitoral, Renato Brill, deveria ser expulso do MPE. Isso porque Brill disse que, se Roriz ganhar no primeiro turno sem estar com a candidatura validada, o pleito pode ser anulado. No último dia 4, o TRE barrou o direito do candidato azul de se eleger. Os advogados da coligação Esperança Renovada recorreram ao TSE, que deve julgar o caso até amanhã. Se perderem novamente, a defesa deverá apelar ao Supremo Tribunal Federal.


MANIFESTO DA COLIGAÇÃO

Os nove partidos que representam a Coligação Esperança Renovada divulgaram, na tarde de ontem, um manifesto em defesa da candidatura de Roriz. E se mostraram “indignados com as diversas manobras que vêm sendo feitas para impedir a vitória do candidato”. “Manifestamos, de forma veemente, total apoio ao nosso candidato diante das disparadas ações e juízos de valor oriundos tanto de partidos de oposição como de membros do Ministério Público”, diz um trecho da nota. “Por não encontrarem meios dignos de disputa eleitoral, procuram, então, inutilmente, denegrir a vitoriosa trajetória pessoal e política de Roriz”, defendem.

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