LÁ VEM BOMBA!
Do blog do Riella: Vou transcrever reportagem do Blog do João Bosco Rebello (do Estadão), sobre a Operação Caixa de Pandora, com comentários meus em vermelho.
TRABALHO DA PROCURADORA
Desde o dia 15 de abril, a subprocuradora-geral da República, Raquel Dodge, autora do pedido de prisão do ex-governador José Roberto Arruda, e responsável pelo inquérito da Operação Caixa de Pandora, está fechada em copas.
Ela está debruçada sobre os nove volumes e 87 apensos que compõem os autos do inquérito da corrupção em Brasília e com o último relatório parcial da Polícia Federal sobre a operação.
-Consta que são 20 mil páginas de processo, com muita novidade em relação ao que já foi divulgado.
PRIMEIRA PARTE DAS INVESTIGAÇÕES
O relatório resume a primeira parte das investigações, que deveriam ter sido encerradas no dia 8 de abril.
Além dos 35 depoimentos prestados pelos investigados à PF nos últimos dois meses, traz resumos e análises das buscas e apreensões realizadas e laudos periciais dos vídeos gravados pelo ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa.
Ao todo são 23 vídeos examinados pelo Serviço de Perícias do Instituto Nacional de Criminalística (INC) da PF.
-Sabe-se que Durval Barbosa tem centenas de vídeos (talvez 300), mas esses 23 fizeram parte da delação premiada, da qual ele aceitou participar e se mantém nesse sistema, com regras claras de participação.
Os agentes relacionam, também, quais as diligências necessárias para concluir a investigação e as análises pendentes, que abrangem os HDs apreendidos, perícias em documentos contábeis e nos contratos das empresas investigadas e perícias nos documentos relativos às quebras de sigilo bancário e fiscal, encaminhados pela Receita Federal e pelo Banco Central.
-Há quantidade tão grande de provas, que as investigações vão se desdobrar ao longo do tempo, depois que o Ministério Público fechar esta primeira fase.
Muitos filhotes do Inquérito 650 surgirão.
HÁ PREVISÃO DE NOVAS PRISÕES
De posse desses documentos, Raquel não recebe, não atende o telefone e, não responde e-mails.
Emergirá com um novo parecer, pedidos de novas diligências e, provavelmente, de novas prisões, inaugurando a segunda etapa das investigações.
-Já afirmei aqui no BLOG – e fui atacado – que deverá ser pedida a prisão de gente que, de forma pretensiosa e com orientação de advogados inconvenientes, recusou-se a depor na Polícia Federal.
Como não fizeram o contraponto, essas pessoas poderão ser acusadas de dificultar o trabalho de investigação.
MP EM BUSCA DE RORIZ
As últimas provas colhidas abriram uma nova frente de investigação, que pode atingir o ex-governador Joaquim Roriz (PSC), líder nas pesquisas para a sucessão no Distrito Federal.
-No caso do Roriz, não há como negar que boa parte dos vídeos e da manipulação de recursos foi feita no seu último governo. Além disso, ele preocupou-se em manter Durval Barbosa na sua equipe, dando-lhe poderes milionários, o que aconteceu inclusive no governo Abadia.
Não há como negar isso.
-É questão de honra, corporativa, dentro do Ministério Público Federal e do DF, mostrar o comprometimento do ex-governador Roriz com esses esquemas que abalaram Brasília. Há alguns anos os promotores já trabalhavam nessa direção e tentam agora chegar a resultados mais objetivos.
MARCELO TOLEDO É HOMEM-CHAVE
Os depoimentos de três delegados da Polícia Civil de Brasília levaram as investigações a Roriz e ao ex-vice-governador Paulo Octávio.
O elo entre os dois é o policial aposentado Marcelo Toledo, apontado pela Caixa de Pandora como um dos principais operadores do esquema.
Toledo seria o responsável pela montagem do sistema de arrecadação de propina junto a empresas, desde o governo Roriz (1998-2006) e que foi preservado por Arruda.
-É impressionante, em todos esses meses, a demonstração de poder político, administrativo e financeiro de Marcelo Toledo, além da sua ligação mais do que anormal com Paulo Octávio, mal explicada até hoje, pois há citações explícitas nesse sentido.
-Causa estranheza, também, que o atual governador Rogério Rosso tenha nomeado um irmão de Toledo para diretor da CEB, em meio a tantas suspeitas. A iniciativa não passou despercebida entre os que ainda estão investigando a Caixa de Pandora.
ARRUDA IMPEDIU INVESTIGAÇÕES
Os três delegados ouvidos pelo Ministério Público disseram que Arruda, ainda no cargo de governador, interferiu em operações da Polícia Civil e puniu policiais que investigavam seu governo.
Um dos exemplos dessa interferência aconteceu na Operação Tucunaré, que mostra a ligação de Toledo com um grupo de doleiros num esquema para enviar propinas arrecadadas no governo do DF ao exterior.
O principal doleiro do esquema é Fayed Antoine Traboulsi, já investigado em escândalos de corrupção no governo Roriz.
A outra operação, batizada de Tellus, investigava desvios na Secretaria de Desenvolvimento, comandada na época pelo ex-vice-governador, Paulo Octávio.
PODE INFLUIR NA INTERVENÇÃO
Quando Raquel apresentar seu parecer poderá ser avaliada a viabilidade de Brasília seguir sem intervenção federal.
-Esta afirmação do Blog do Bosco sobre a intervenção teria uma outra interpretação minha.
O Supremo Tribunal Federal está aguardando a fase final do Inquérito 650 para decidir sobre a intervenção no DF com maior base e maior rigor. Não quer se basear somente nos três documentos duríssimos do Procurador Geral da República, Roberto Requião, carentes de detalhes no que se refere à metástase institucional já citada pelo ministro Gilmar Mendes, ex-presidente do Supremo Tribunal.
-Provavelmente esta é a estratégia do atual presidente do STF, Cezar Peluso, considerado cauteloso e extremamente cuidadoso em tudo o que faz.
-No entanto, se o Ministério Público não concluir todo esse trabalho ainda este mês, a intervenção ficará praticamente inócua, pois junho já tem Copa do Mundo e começa o período eleitoral.