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    BRASILEIROS SE CASAM CADA VEZ MAIS TARDE

    Demografia

    Brasileiros se casam cada vez mais tarde

    Em 2009, segundo IBGE, taxas de matrimônios oficializados caiu pela primeira vez desde 2002. Chances melhoram para mulheres mais velhas

    Cecília Ritto, do Rio de Janeiro

    Os brasileiros estão se casando cada vez mais tarde e, no ano passado, pela primeira vez desde 2002, o país registrou uma interrupção na curva de aumento na taxa de matrimônios oficializados. As conclusões estão na pesquisa Estatísticas do Registro Civil, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na manhã desta sexta-feira. O estudo é feito com base na coleta de informações nos cartórios de registro civil, nas varas cíveis e de família e nos tabelionatos de notas espalhados pelo país.

    Um dos destaques do trabalho é a quebra na sequência de aumento de casamentos desde o ano 2000. A pesquisa sobre matrimônio é realizada pelo IBGE desde 1974 e vinha demonstrando, até 1999, uma queda no número total dos “arranjos formais”, como são chamadas as uniões oficializadas em cartório. Nos últimos 10 anos – em parte por um maior acesso à Justiça e com a ajuda dos casamentos comunitários e coletivos – essa proporção de formalização vinha se acentuando.

    Em 2009, 935.116 casamentos foram realizados no país. No ranking dos matrimônios por estado, o Acre chegou à primeira posição, com a realização de 11,7 registros para cada mil habitantes (com mais de 15 anos). Já Sergipe registrou apenas 4,6, o menor índice entre as unidades da federação. No Brasil, há em comum o fato de a maioria dos homens ser um pouco mais velha do que as mulheres no casamento. No entanto, ambos decidem pela oficialização cada vez mais tarde. A idade média para o sexo masculino é de 29 anos e, para o feminino, 26.

    Outra tendência identificada pelos pesquisadores é a de queda no casamento de mulheres mais jovens e uma ligeira elevação entre as mais velhas. Na comparação dos anos de 2004 e 2009, houve uma redução de 2,1 pontos na taxa de nupcialidade (casamentos por mil habitantes) entre as jovens de 15 a 19 anos. Simultaneamente, foi registrado um aumento de 4,3 pontos nas uniões formais no grupo de mulheres com idade entre 30 a 34 anos. Os números consolidam um quadro que pode ser alentador para o público feminino: dos 25 aos 65 anos, a quantidade de casamentos tem crescido ano a ano, desde 2004.

    A série também mostra que o número de matrimônios também cresce entre os homens acima de 25 anos. Nas faixas de idade mais elevadas, a proporção de homens que se casam é ainda maior: depois dos 65 anos, a taxa de mulheres que se casam é de apenas 0,7 por cada mil habitantes, enquanto a dos homens é de 3,4. Além disso, há tendência de aumento para os homens e de redução entre as mulheres, como demonstra a série histórica. Uma das causas é a maior mortalidade entre os homens idosos, o que reduz as chances de uma mulher encontrar um parceiro.

    A explicação encontrada pelos pesquisadores é de que pessoas do sexo masculino se casam mais tarde – e justamente por isso mantêm taxas mais altas de casamentos que as mulheres. Contribui para isso o fato de ser mais freqüente a união de homens divorciados com parceiras solteiras (7,2%) do que o inverso – mulheres divorciadas com homens solteiros (5,3%).

    O mergulho dos pesquisadores nos dados numéricos de cartórios acaba revelando também particularidades de comportamento e da composição da população brasileira em diferentes regiões. O Rio de Janeiro, por exemplo, é o paraíso para os divorciados que procuram solteiras para casaram-se novamente. É no estado do Rio onde esse tipo de matrimônio atingiu maior proporção: 4,0% do total de casamentos ocorreram, em 2009, entre pessoas divorciadas. O estado, no entanto, é onde há menor proporção de casamento entre duas pessoas solteiras: apenas 77,2% dos matrimônios registrados são compostos por homem e mulher solteiros. O local com mais chances de acontecer um matrimônio para iniciantes é no Amapá, onde 92,1% das uniões são registradas entre pessoas que nunca se casaram.

    As boas notícias para os homens não excluem uma melhoria na desenvoltura feminina nas uniões formais. Uma das novidades apontadas pela pesquisa é o aumento do número de casamentos entre solteiros em que a mulher é a mais velha do casal. Apesar de ainda ser proporcionalmente pequena essa proporção – em relação aos casais em que o homem é mais velho –, a freqüência desse tipo de união tem demonstrado aumento. Em 1999, a quantidade desses casamentos era de 19,3%; em 2004 passou para 21,3% e, no ano passado, chegou a 23%.

    “Há uma tendência de mudança na sociedade. O preconceito está acabando. Isso tem muito a ver com o grau de escolarização da mulher, que opta por se casar mais tarde quando já está com o trabalho estabilizado”, diz o gerente das pesquisas do Registro Civil, Adalton Amadeu Bastos.

    Fonte: Revista Veja

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