A defesa de Joaquim Roriz (PSC) alertou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto sobre o episódio envolvendo seu genro Adriano Borges, que teria pedido 4,5 milhões de reais ao então candidato para inviabilizar o voto do sogro antes do julgamento da Lei da Ficha Limpa. O recado foi dado pelo advogado Pedro Gordilho, depois que um colunista de Brasília divulgou a informação sobre o encontro entre Adriano e Roriz, registrado em vídeo.
Na gravação, Adriano coloca-se à disposição para participar da defesa do ex-governador, o que obrigaria o ministro a se considerar impedido de analisar o caso. Ayres Britto era um voto certo contra as pretensões de Roriz.
No encontro com o magistrado, Gordilho negou que Roriz desejasse impedi-lo de votar. O advogado – segundo a assessoria do ministro – também teceu elogios a Ayres Britto, dizendo que sua honra e credibilidade estão acima de qualquer suspeita.
Coube ao advogado Alberto Pavie Ribeiro, que também defende Roriz, a tentativa de esclarecer o episódio ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski, e ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Ambos tomaram conhecimento da situação antes do recurso de Roriz ser julgado no STF.
“Sabendo que ele queria acusar os advogados de Roriz, tivemos que sair em nossa defesa”, afirmou Pavie. O advogado negou, contudo, ter mostrado ao ministro e ao procurador as imagens em que o genro de Britto aparece negociando o valor de seu serviço com Joaquim Roriz: “Eu só tinha conhecimento que tinha vídeo da entrada do rapaz na casa de Roriz e na saída. Não sabia que havia gravações de conversas”.
Negociação – A assessoria do TSE confirmou que Lewandowski foi procurado pela defesa de Roriz no dia 16 de setembro. Na ocasião, Pavie tentou convencer o magistrado de que não houve nenhuma tentativa por parte da defesa de Roriz para que Ayres Britto ficasse impedido de participar da votação. Gurgel também confirmou que o advogado lhe entregou os e-mails contendo a negociação com Adriano Borges. Mas o encontro, segundo sua assessoria, foi informal.
Ayres Britto votou normalmente a favor da Lei da Ficha Limpa. Caso seu genro fosse advogado do ex-governador, o ministro deveria se considerar impedido de analisar o processo e seu voto – que é favorável a lei – não seria validado.
Nesta sexta-feira, Ayres Britto pediu que o Ministério Público Federal investigue o caso. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, abriu, então, processo administrativo e deu um prazo até segunda-feira para que Roriz entregue as fitas originais à procuradoria.
(Luciana Marques, de Brasília)