O escândalo de corrupção que devastou a política do Distrito Federal em dezembro do ano passado tirou o rumo de políticos que, até então, tinham uma sólida base eleitoral. Junto com o ex-governador José Roberto Arruda, outros ocupantes de cargo público perderam popularidade e amargaram resultados desastrosos.
Entre os citados nas denúncias da Operação Caixa de Pandora, três conseguiram a reeleição à Câmara Legislativa: Benedito Domingos (PP), Rôney Nemer (PMDB) e Aylton Gomes (PR).
Aylton Gomes aparece numa das conversas em que aparecem Durval Barbosa, Arruda e o ex-chefe da Casa Civil José Geraldo Maciel.
No diálogo, Maciel diz: “Aylton comigo 30 e com Omézio (ex-assessor de imprensa) 10”. Segundo Durval, a fala diz respeito à mesada para votação a favor do governo.
Não votou no Pdot porque, na época, era administrador regional de Planaltina.
A Operação Caixa de Pandora resultou, além de outros fatos, na abertura de processos de cassação de deputados distritais citados no depoimento de Durval Barbosa. Acordos foram feitos e os próprios distritais decidiram punir apenas aqueles que apareceram nos vídeos divulgados pela mídia, envolvendo Brunelli, Prudente e Eurides Brito.
Entretanto, resolveram adiar qualquer decisão sobre outros envolvidos, para ‘depois’. Acontece que os processos por quebra de decoro parlamentar contra AYLTON GOMES e outros quatro deputados, estão parados na Comissão de Ética da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Os atuais deputados não reabrem os processos por alguma razão ainda desconhecida. Estariam aguardando a divulgação do relatório final da Polícia Federal sobre o assunto, ou estariam aguardando o novo governo tomar posse e decidir o que fazer com sua nova bancada?
Será que o governo de Agnelo chamará para sí a responsabilidade de punir distritais, ou cobrará imediatamente que seus atuais aliados no legislativo local punam exemplarmente os citados pelo delator do Mensalão do DEM?
E ainda há outra denúncia contra Aylton Gomes (PR) que foi divulgada na revista Veja. Confira:
01/10/2010
PF investiga compra de votos com cestas básicas no DF
A Polícia Federal apreendeu na tarde desta sexta-feira cerca de 2 mil cestas básicas num galpão da Administração Regional de Planaltina, órgão vinculado ao Distrito Federal, por suspeita de que o material seria usado para compra de votos. A corporação agora investiga a origem do material, descarregado nesta quinta-feira no local.
No esquema de loteamento de cargos do governo local, a Administração Regional de Planaltina – uma espécie de subprefeitura – é controlada por aliados do deputado distrital Aylton Gomes (PR), que pertence ao grupo do ex-governador Joaquim Roriz. Ninguém foi preso na operação. A Polícia Federal vai comunicar o fato ao Ministério Público Eleitoral, e deve ouvir funcionários da administração nos próximos dias. A corporação chegou ao galpão depois de uma denúncia anônima.
A Administração Regional nega que as cestas básicas fossem usadas para a compra de votos. De acordo com a coordenadoria de ação social do órgão, o material ainda precisa ser identificado e cadastrado antes da distribuição, o que só vai ocorrer daqui aproximadamente 10 dias.
Candidato à releição, Aylton Gomes é um dos parlamentares citados na Operação Caixa de Pandora como beneficiário do esquema de propina que derrubou o então governador José Roberto Arruda. Apesar das acusações, o parlamentar se livrou da cassação. A assessoria do deputado distrital nega que ele tenha relação com o episódio, atribuiu a denúncia a adversários políticos e afirma que o processo de compra das cestas básicas teve início cinco meses atrás.
(Gabriel Castro, de Brasília)