Comentário
A Justiça tarda, mas às vezes funciona…
Foi um Deus nos acuda quando às vésperas do segundo turno da eleição de 2002 para governador do Distrito Federal, o Correio Braziliense publicou uma série de reportagens sobre uma investigação sigilosa da Justiça.
Apontado como o maior grileiro do Distrito Federal por uma CPI da Câmara Legislativa, o empresário Pedro Passos estava metido no parcelamento irregular de uma área do Lago Sul, a zona nobre da cidade.
Ligações grampeadas com autorização da Justiça flagraram Passos tratando do assunto com o então governador Joaquim Roriz (PMDB), candidato à reeleição e que disputaria o segundo turno com Geraldo Magela, candidato do PT.
Roriz acionou a Justiça, o Correio teve uma de suas edições censuradas com direito a um oficial da Justiça presente na redação – e nem o jornal nem o resto da imprensa pôde publicar mais nada a respeito.
Pedro chegou a amargar alguns dias atrás das grades. Mas naquela mesma eleição, com o apoio de Roriz, seu ex-sócio na criação de cavalos de raça, ganhou um mandato de deputado distrital. Depois foi presidente da Comissão de Assuntos Fundiários da Câmara. E da Comissão de Constituição e Justiça.
Irônico, não?
Oito anos depois, o juiz da 1ª Vara de Fazenda Pública condenou o ex-deputado a cumprir quatro anos de reclusão em regime semiaberto e a pagar multa de R$ 15,3 mil por parcelamento irregular do solo.
Pedro irá recorrer da decisão. Sustenta que não houve crime.
Oito anos depois, Roriz é candidato a mais um mandato de governador.
Dessa vez, ele e Pedro estarão em lados opostos. Roriz é candidato pelo PSC. O PMDB de Pedro apoiará Agnelo Queiroz, candidato do PT ao governo.
Fonte: Ricardo Noblat