Auditorias dos tribunais de contas do DF e da União e investigações da Polícia Federal e do ministério público apontam desvios de meio bilhão de reais no metrô da capital federal
Diferentes auditorias realizadas por órgãos de fiscalização e controle, como o Tribunal de Contas do Distrito Federal, da União e Controladoria-Geral da União (CGU), obtidas por ISTOÉ, revelam pela primeira vez a conta do rombo na capital federal com o esquema do metrô. Segundo os documentos, reforçados por relatos de fontes da Polícia Federal e do Ministério Público, os desvios podem chegar a meio bilhão de reais. O valor é superior ao das fraudes de São Paulo, onde o sistema de trens subterrâneos – com 65,3 km de rede, 58 estações e 150 trens – tem mais que o dobro do tamanho do metrô de Brasília, que, apesar da extensão de 42,4 km, opera apenas com 24 estações e 32 trens. Para chegar ao valor da soma desviada pelo esquema do metrô do DF, os investigadores levaram em conta que o preço praticado pelo consórcio Brasmetrô, liderado pela francesa Alstom, embutia as maiores margens de lucro da empresa no País, superiores a 50%, e pagamento de propina de até 10%, margem superior à recebida por agentes públicos em São Paulo.
De acordo com técnicos do Núcleo de Fiscalização de Obras e Serviços de Engenharia do TCDF, entre 1994 e 2009, o valor contratado corrigido pela inflação seria de R$ 5,089 bilhões, dos quais R$ 4,77 bilhões haviam sido executados até então. Só as obras do trecho Taguatinga-Ceilândia “apresentaram indícios de superfaturamento da ordem de R$ 11,7 milhões”, revelou o tribunal. As obras das estações 102 Sul, 112 Sul e Guará, segundo os técnicos, “apresentaram evidências de superfaturamento da ordem de R$ 14,2 milhões”. A mesma auditoria encontrou indícios de superfaturamento também nos contratos de manutenção e apoio à operação do Metrô, de R$ 60,4 milhões, valor que atualizado totaliza R$ 85,4 milhões. Leia mais