Na carta enviada à Câmara Legislativa do Distrito Federal, na qual pede afastamento do governo do Distrito Federal, José Roberto Arruda (ex-DEM) afirma ser vítima de uma “campanha insidiosa” que, segundo ele, tem o objetivo de destruí-lo política e pessoalmente. “Diante da gravidade dos fatos, peço licença do cargo de governador do Distrito Federal pelo que perdurar esta medida coercitiva, para não transferir a Brasília e à sua população a agressão que fazem contra mim e ao cargo que legitimamente exerço, eleito que fui pelo voto popular”, afirma o governador, agora licenciado.
A mensagem foi entregue pelo secretário do governo, Flávio Giussani, e lida em plenário pelo deputado Raimundo Ribeiro (PSDB), corregedor da Casa. José Roberto Arruda está na carceragem da Superintendência da Polícia Federal, à espera do mandado de prisão decretado esta tarde pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Leia a mensagem na íntegra:
“Brasília, 11 de fevereiro de 2010.
Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, A Campanha insidiosa contra mim chega a um ponto culminante com a decisão do Superior Tribunal de Justiça, que considero imprópria, absurda, mas que devo acatar.
Ainda ontem, meus advogados legalmente constituídos estiveram no STJ para manifestar o meu desejo de prestar depoimento para pôs fim a esta série de armadilhas, armações, flagrantes pré-fabricados, denúncias politicamente bem elaboradas para não apenas impedir minha participação nas eleições 2010, mas agora também com o objetivo de me destruir política e pessoalmente.
Diante da gravidade dos fatos, peço licença do cargo de Governador do Distrito Federal pelo que perdurar esta medida coercitiva, para não transferir a Brasília e à sua população a agressão que fazem contra mim e ao cargo que legitimamente exerço, eleito que fui pelo voto popular.
Estou consciente de que desarmei uma quadrilha que se locupletava de dinheiro público há muitos anos, e que agora volta-se contra mim de maneira torpe para confundir a opinião pública, confundir as autoridades e tramar a minha saída do Executivo, como se isso tivesse o poder de esconder as falcatruas que durante tantos anos praticaram impunemente.
Este caminho não tem mais volta. Vou enfrentar todas essas vicissitudes com serenidade, equilíbrio e a firme determinação de fazer com que a verdade prevaleça, e de que bandidos, travestidos de mocinhos, sejam desmascarados.
Agradeço aos amigos de verdade todas as manifestações de solidariedade e reafirmo que agora, mais do que nunca, sou eu que desejo a conclusão deste inquérito, o julgamento definitivo de todas as denúncias para que, pelo menos, o meu sofrimento pessoal e todas as dificuldades que tenho vivido sirvam para livrar Brasília dos atos perniciosos que a acompanham há tanto tempo.
Informo, ainda, que, nos termos do artigo 92, da Lei Orgânica do Distrito Federal, o vice-governador, Paulo Octávio Alves Pereira, exercerá a Chefia do Poder Executivo do Distrito Federal durante minha ausência.
Na oportunidade, aproveito para reiterar a Vossa Excelência e aos seus pares protestos de elevada consideração e distinto apreço.”